A nanotecnologia é uma das tecnologias mais recentes criadas pelo homem e que tem um potencial de desenvolvimento enormíssimo e promissor. A nanotecnologia permite manipular a matéria a uma escala de dimensões reduzidíssimas, na casa do nanómetro, isto é, de 10-9 metros = 0,000000001 metros. Para se ter uma ideia da pequenez deste número, basta dizer que um nanómetro é cerca de 1000 vezes menor que a espessura de um cabelo humano. Deve dizer-se ainda que, a esta escala, consegue-se manipular moléculas, átomos e electrões.
Muitos trabalhos têm já sido feitos pela comunidade científica internacional a esta escala, manipulando moléculas, átomos e electrões, construindo-se equipamentos minúsculos (invisíveis a olho nu), nomeadamente: transístores, robôs e outros nano-equipamentos, equipados com sensores diversos, de acordo com a função que se pretende obter. As aplicações que já existem são muitas, nos diversos domínios, e muitas mais se espera venham a ser criadas. A área em que se espera maior desenvolvimento é a área da saúde, onde o potencial de aplicações é muito grande e de enorme utilidade social, nomeadamente no fabrico de robôs equipados com sensores para:
1) Transportar e libertar os medicamentos no organismo humano, de uma forma doseada, de acordo com as necessidades do paciente em questão.
2) Controlar o nível de colesterol no sangue.
3) Limpar a arteriosclerose das artérias.
4) Realizar intervenções cirúrgicas diversas, comandadas externamente pelo cirurgião, assistido por computador.
5) Controlar o fornecimento de insulina, nos pacientes diabéticos, de acordo com os valores lidos pelos respectivos sensores, em cada momento.
6) Eliminar as células cancerígenas, deixando intactas as sãs; etc.
Estas são algumas das aplicações da nanotecnologia em que os cientistas estão a trabalhar e que, num prazo de cerca de 10 anos, já haverá muitos resultados práticos. Algumas delas começaram já a ser utilizadas, nomeadamente no fabrico dos medicamentos, com um doseamento mais inteligente.
A nanomedicina é a aplicação da nanotecnologia ao serviço da saúde do ser humano. Por todo o lado, vão nascendo centros de apoio científico destinados ao desenvolvimento da nanotecnologia aplicada à medicina. Aristides Requicha, luso-americano radicado nos EUA desde 1970, especialista em robótica molecular, responsável máximo no Laboratório de Robótica Molecular da Universidade de Southern California, no coração da investigação destas novas tecnologias, veio a Portugal falar sobre o seu trabalho e sobre aquilo que se faz pelo mundo fora nesta área; segundo ele, perspectiva-se uma enorme evolução no âmbito da nanomedicina. Em Braga, no norte de Portugal, foi criado um Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, com vista a dar o nosso próprio contributo neste campo.
A nanomedicina vai-se desenvolvendo através do contributo de equipas multidisciplinares constituídas por cientistas, médicos, biólogos moleculares, engenheiros e informáticos.
O desenvolvimento tecnológico está a fazer-se em múltiplas frentes, nas diferentes áreas do conhecimento. E é este desenvolvimento multifacetado que permite que o desenvolvimento tecnológico global atinja, hoje, patamares elevadíssimos. Cada nova descoberta tecnológica vai permitir que outras áreas, que estavam bloqueadas, sejam desbloqueadas e permitam que novos inventos conheçam finalmente a luz do dia. É como uma bola de neve que vai sempre crescendo, à medida que rola na neve.
No futuro, teremos nanorobôs equipados com nanosensores que farão, in loco, autênticas análises sanguíneas, de forma a corrigir-se imediatamente o que estiver errado. A utilização da nanotecnologia na medicina irá permitir que todas as intervenções cirúrgicas sejam mais precisas, com controlo remoto, e menos sujeitas ao erro humano.
Aos poucos, a Ciência vai-se aproximando da visão futurista de Isaac Asimov que, em 1966, previa robôs a percorrerem a corrente sanguínea e a controlarem a saúde humana. Desde que, em 1959, Richard Feynman lançou as primeiras ideias de criação de objectos e equipamentos minúsculos para executar tarefas então impossíveis e que, em 1981, Eric Drexler lançou o seu projecto de manipulação molecular, falando pela 1ª vez em nanotecnologia, percorreu-se já um longo caminho, com saltos gigantes, a um ritmo avassalador.
Por isso, a maioria das previsões científicas de hoje geralmente não falam em prazos de 50 anos, mas em prazos de 20 anos, 10 anos, ou menos. Tudo evolui muito mais depressa. Muito daquilo que há 100 anos, ou 50 anos, não passava de ficção científica, hoje é uma realidade palpável. A diferença entre ficção e realidade é cada vez mais difícil de fazer-se. Quantas vezes nós dizemos ‘Um dia, vai começar a fazer-se isto ou aquilo ….’ e constatamos depois, para nosso espanto, que isso já está a ser feito – isto é, somos ultrapassados, trucidados, pelo nível de desenvolvimento tecnológico e pela rapidez com que as coisas hoje acontecem!
Por isso, amigos, a fasquia tem de ser posta cada vez mais alta, para não corrermos o risco de errar nas nossas previsões. Isto levanta a cada um de nós, certamente, a questão ‘Qual será o limite para o engenho e a capacidade inventiva do homem?’.
A curiosidade, a necessidade e a ambição humanas são a locomotiva que faz o mundo evoluir.
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Lisboa, 23 de Fevereiro de 2014
José V C Matias
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