Antigamente, na Nazaré, quando os pais não gostavam do namorado da filha ou da namorada do filho, os namorados fugiam de casa e instalavam-se, durante dois ou três dias, num quarto que alugavam numa povoação vizinha. Após o ato consumado, arranjavam-se intermediários para falarem com os pais ‘ofendidos’ sobre a necessidade de aceitação do jovem casal rebelde.
Era sempre uma questão de tempo! As coisas resolviam-se quase sempre a contento dos fugitivos.
Mas, muitas vezes, eram os próprios pais que incentivavam esta fuga, às escondidas dos familiares e vizinhos, para evitarem as enormes despesas acarretadas por um casamento tradicional da Nazaré, com todos os convidados, familiares e amigos, de ambas as partes. Dessa forma, acabavam por fazer uma cerimónia mais simples, com menos gente e muito mais económica. Quanto à crítica da sociedade local a estas situações, o povo habituou-se muito cedo a compreendê-las e a tolerá-las. Ao fim de pouco tempo, já ninguém falava no assunto e a reputação da noiva e da família mantinha-se intacta.
Na sua sabedoria milenar, o povo encontra sempre soluções para todas as situações, mesmo para as mais complicadas.
Licenciado em Engenharia Electrotécnica, ramo Energia e Potência, pelo
I.S.T., em 1977, cedo comecei a leccionar no Ensino Secundário, desde 1975
até à data.
A falta, então existente, de material didáctico para o apoio das aulas
teóricas e práticas da área de Electrotecnia/Electrónica, fez despertar a
necessidade de produzir textos de apoio para os alunos que, em colaboração
com o colega Ludgero Leote, permitiu que fossem publicados os livros
‘Automatismos Industriais – Comando e regulação’, ‘Sistemas de Protecção
Eléctrica’ e ‘Produção, Transporte e Distribuição de Energia’, em 1981/2/3. A
partir daí, nunca mais parei de escrever, o que para mim é um prazer! O colega
Leote, com outros interesses diversificados, desistiu de escrever para
publicação.
Escrevi ainda o livro Máquinas Eléctricas-Transformadores com o colega
José Rodrigues que, entretanto, se deslocou para o Portugal ‘profundo’ (um
abraço)!
Tive uma curta experiência como Orientador Pedagógico, à
Profissionalização, no Alentejo, muito interessante, mas que não foi suficiente
para deixar o contacto directo com o aluno, e com os livros, os quais saem
bastante enriquecidos com esse contacto permanente. Na verdade, é bem
verdadeiro o velho ditado “ao ensinar, aprende-se duas vezes”. É esta a
principal razão para continuar com o giz e o apagador, e não dentro de um
qualquer gabinete, apesar dos problemas actuais do nosso ensino. Se, cada um
de nós, dentro das suas possibilidades, características e competências, dermos
algo aos outros, sairemos todos mais enriquecidos!
O meu trabalho é fundamentalmente autodidacta, com muita pesquisa (nos
livros, na Internet, no laboratório real e, agora, no virtual). Apesar das
dificuldades do ensino, nunca desisti, e não vou desistir. Acredito que este
país irá saber dar a volta por cima ! Depende de cada um de nós!